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Cláudio Motta

O Caminhão do Xavier (Cláudio Motta) - Ficha Técnica e Letra


Ilustração de Amandio Amaral

participação especial Zeca do Trombone trombone

Zé Gomes – pandeiro da direita

Oscar Bolão – pandeiro da esquerda

Bambo de Bambu

Cláudio Motta violão voz e arranjo

Jorge Som cavaquinho

Lúcia Shocair

Sonia Barros | Cristina Bitencourt percussão e coro

Giselle Mascarenhas flauta


O Caminhão do Xavier

Cláudio Motta

BR-FIN-18-00014 Fina Flor (Universal MGB)


O Xavier é meu vizinho do lado e descobriu que eu sabia dirigir um caminhão

"Tá me faltando um motorista pro churrasco na praia do Grumari e perparei até leitão"

Fiquei cabreiro, o Xavier já é manjado; é o rei do cambalacho, não se pode confiar

Mas o isopor de cerva tava estufado e eu não podia deixar outro piloto no meu lugar

O transporte estava malocado atrás do açougue do Zé

Era um "FêNêMê" cansado, cheio de pé-inchado e na boleia a sogra do Xavier


Pois a velhota foi chegando pro meu lado, agarrou no meu pescoço e me fez um cafuné

Foi no caminho cantando no meu ouvido, levantado o vestido, caçando bicho de pé

Lá na Serrinha o carretão, todo estragado

Deu três engasgos e um miado, na hora de enguiçar

O Xavier, ligeiramente preocupado, disse à turma da caçamba:

"Pára o samba pra empurrar!"

Os bebum empurravam a carcaça, um desistiu e voltou pra casa a pé

Mas lá no alto uma tendinha tinha boa cachacinha

A turma foi e o caminhão voltou de ré


A geringonça, claro, não tinha freio e a danada da velhinha desertou

De pirueta se agarrou num cajueiro, fez tão bonito que a plateia ovacionou

E enquanto eu descia ladeira abaixo, pedia a Deus pra o Xavier vir esfolar

O caminhão se esbodegou em um riacho

Onde se dava um piquenique da Polícia Militar


Veio um sargento com um prato de farofa que tinha virado sopa na hora que fez chuá

Um cabo viu o caminhão e se lembrou que foi roubado

De um amigo seu na feira de Irajá

De modo que eu estava até mais queimado do que vela de finados

Sem saber o que dizer

O Xavier, a turma dele e a velhota

Escafederam da Serrinha e me deixaram padecer

Fui conduzido até o delegado, muito educado, já me deu um cachação

Pediu meu nome pra autuar por ser, além de ruim de roda

Delinquente e roubar um caminhão


E eu disse, sou Neneco filho de Dedeca

Não tomo nem emprestado muito menos sou ladrão

Sou bacharel, tenho direito a advogado e quero ser bem tratado, afinal, sou cidadão

Sou motorista habilitado, tenho endereço certo, réu primário e bailarino de forró

Ganhei um tapa na orelha, do outro lado, e fiquei encarcerado totalmente na pior

O carcereiro frequenta a gafieira, soube da história e veio me falar

Que pra por breque em caminhão, sem freio, na ladeira:

"Só se o Santo Morengueira segurar"


Mas o melhor dessa minha história é que a velhota veio me visitar

Trouxe um bolinho de fubá e paçoquinha

Até que ela é bonitinha e começa a me agradar

Quando eu puder sair vai ter casório e vamos

Em lua de mel à Paquetá

A Cantareira para transportar os noivos

Ela pediu ao Xavier pra descolar


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